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terça-feira, 9 de junho de 2015

O pônei ceifador

Dedé estava caminhando pela floresta. Ele procurava madeira para fazer uma fogueira para São João, e como havia chovido muito, nenhum galho que encontrava era seco o suficiente... e ele teve de ir cada vez mais para o meio do mato. Para piorar a sua situação, começou a chover... choveu forte por um momento, depois a chuva se abrandou. Ele deu graças a Deus pelo sol que despontava no horizonte ajudando a formar um arco-íris belíssimo que findava a poucos metros, em uma caminhada de menos de dez minutos.
Nosso protagonista correu para tentar chegar até o arco-íris. Sabia há muito tempo que não haveria nenhum pote de ouro, mas nunca teria outra oportunidade de chegar até o fim de um arco-íris na vida. Ele, enfim, chegou. Achou que não iria dar tempo, mas chuviscava um pouco. Dedé ficou encantado com o que viu. Entrou no arco-íris e enxergou o mundo completamente colorido. Ainda dando a primeira gargalhada de alegria, ouviu o som de um cavalo bem próximo. Tudo bem, ele não tinha medo de cavalos.
O som ia se aproximando cada vez mais até que pareceu tão próximo quanto o som de um mosquito nos seus ouvidos em noites quentes de primavera. Virou-se de imediato para trás e viu um pônei. Um belo pônei colorido que vinha correndo, cavalgando em sua direção. Dedé ficou perplexo. Não sabia o que fazer... não sabia se era sonho, não tinha bebido aquele dia. Se beliscava, mas cada vez mais o pônei colorido foi se aproximando até que ele pôde vê-lo um pouco mais de perto. A única coisa que não parecia ser miniatura naquele cavalinho era o seu sexo, que veio rijo pronto ceifar o pobre rapaz.
Ao perceber que seria vítima de um atentado sexual, Dedé correu mais do que achava que poderia... em seu encalço, vinha o pônei colorido sedento por sexo. O ar começou a rarear, as pernas começaram a falhar ao mesmo tempo em que o desespero tomava conta do seu coração. Ele tentou gritar, mas já não tinha fôlego. Num segundo, ele já tinha sido dominado pelo pônei colorido.
Dedé não sabia, ele não conhecia, ele mal acreditava, mas naquele momento ele tinha sido a mais nova vítima do pônei ceifador, uma criatura mitológica que passeava pelo arco-íris no desejo incontrolável de desvirginar rapazes. Depois de três dias, o pobre ex-moço foi encontrado ainda com vida, mas muito debilitado. Ele foi levado para o hospital. Todos tiveram compaixão e não deixaram o fato se espalhar, apesar de não saberem o que, de fato, acontecera.
Dedé voltou a sua vida normal. Depois de umas semanas, nenhuma sequela física havia ficado. No entanto, nunca mais ele poderá ver um arco-íris, nunca mais ele conseguirá ver pôneis e cavalos, mesmo na tevê e nunca mais, nunca mais enquanto ele existir, irá se aproximar de um arco-íris. Mas ele falará para todo mundo que no final do arco-íris tem um pote de ouro, pois ele não vai querer sofrer aquilo sozinho... ele, inclusive, incentiva amigos a irem até o final do arco-íris... ele quer ter com quem partilhar a sua experiência traumática. 

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