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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Churrasco Na Lagoa

Certo dia, no Bosque dos Cajueiros, duas famílias próximas combinaram de fazer um churrasco na Lagoa da Leguminosa Doce. Porém, a Família Buscapé, que não tinha ainda achado petróleo no quintal, disse que não iria, pois não tinha carro, e não ficaria na aba de ninguém, mesmo que num tempo passado a Família Malfoy, a outra desta história, havia largado os filhos na casa dos Buscapé, sem aviso prévio nem hora pra voltar – um problema já que matriarca dos caipiras estava de cama com dengue.
– Não, não tem problema! A gente quer a companhia de vocês... Faz o seguinte, de sete a gente passa com o Doblò na sua cabana pr’agente ir pra Lagoa da Leguminosa Doce... Fiquem tranquilos, a gente já comprou duas picanhas, três peças de alcatra, além de queijo coalho, linguiça e asa frango. Não precisam levar nada, viu? A gente tem dinheiro, a gente é “ricos”, a gente pode comprar o que bem a gente quiser.
Depois que a família Malfoy saiu da casa dos Buscapé, que ficava perto da praia, e, por isso, a deixavam sempre que iram (todo fim de semana) suja de areia e coco de poodle, a mãe Buscapé perguntou ao seu marido:
– O que você acha?
– Acho melhor nós irmos, se não eles nos chamarão de antissociais, eles sempre dizem que nós nos afastamos da família. Iremos, mas vamos levar nosso feijão bem carregado, nossa farofa de bacon e o nosso famoso arroz soltinho, você sabe, querida, como eles são, e churrasco só de carne não é a mesma coisa, não é? É sempre bom um acompanhamento.
Como visto, a família Buscapé concordou em ir, mesmo sabendo que a Família Malfoy não estava interessada na companhia deles. O maior prazer da Família Malfoy era se mostrar como a mais rica do Bosque dos Cajueiros, que tinha carros do ano, os melhores apartamentos da região etc. E o motivo pelo qual tinham raiva da família Buscapé é porque, mesmo sem dinheiro, os filhos dos Buscapé eram mais inteligentes e bonitos... E era principalmente a inteligência que deixava com inveja a Família Malfoy, já que, mesmo tendo os filhos estudando nos melhores colégios, eles sempre ficavam em recuperação, e, ano sim ano não, repetiam o ano letivo, o que os faziam ser os maiores, mas não os mais fortes e temidos da sala, e o fato de ter quatorze anos na sexta série os deixavam estigmatizados, e nenhuma menina queria ficar com eles.

No dia marcado, por volta das dez e meia da manhã, a Família Malfoy chegou, o pai dirigia um Santana e a mãe estava com seu Doblò. Se já não bastasse o atraso, a Família do Mal ainda apressava a Família do Bem, mesmo eles estando, há horas, todos prontos. Antes de entrar no carro, o pai Buscapé lembrou-se de pegar as panelas, o que gerou desdém e gargalhadas na Família Malfoy inteira.
– Eu não falei que não precisava levar nada? O carro ta cheio de carne... Pobre é foda mesmo, num sabe que churrasco é pra comer só carne... Não precisa encher o bucho de feijão, arroz, farofa e molho à campanha, tem carne suficiente pra todo mundo! – disse num tom que sugeria brincadeira, apenas sugeria.
– Não comadre – disse o pai Buscapé na, como sempre, maior humildade – é que eu gosto de comer arroz e feijão mesmo, sabe como é pobre, né? Não se preocupe, nós sabemos que você comprou carne pra todos, estou levando essa comida por questão de gosto. Longe de mim, sugerir que não tem carne.
As famílias seguiram rumo à lagoa. Assim que chegaram, abriram as mesas, armaram as barracas, tiraram do carro a churrasqueira, que era da Família Buscapé, puseram carvão e acenderam, e enquanto as crianças se divertiam na Lagoa da Leguminosa Doce, as famílias se preparavam para preparar a carne
– José, cadê as carnes? – perguntava para o pai Malfoy a esposa.
– Está no porta-malas, não?
– Não, José! Eu só achei o queijo e as salsichas.
Salsichas? Quem leva salsicha para um churrasco?
A Família Malfoy procurou nos dois carros. Abriram o isopor com os refrigerantes, olharam dentro das sacolas, viram perto das salsichas e do pouco queijo coalho outra vez, mas nada.
– A gente esqueceu a carne – disse a mãe Malfoy à Família Buscapé, que não era burra, claro, e já tinha percebido o lance desde a primeira indagação pelo principal ingrediente de qualquer churrasco – mas tem salsicha e queijo coalho! Essas salsichas são Sadia, as melhores que tem, e o queijo custou R$ 27,90 o quilo! – Talvez por isso só tivesse duzentos gramas.
– Não tem problema – disse o pai Buscapé com o sorriso sincero de sempre – no meu feijão tem carne seca, pé de porco, toicinho, linguiça... assim como a farofa – que tinha mais carne que farinha.
Todos comeram do feijão Buscapé, comeram não, se esbaldaram. Sempre que os filhos dos Malfoy viam comida agiam assim, como se comessem pouco em casa, sabe? Essa família tem essa fama mesmo, de ser forrageira, como dizem. E enquanto os filhos Buscapé se divertiam brincando na lagoa, os filhos dos Malfoy se preocupavam em tirar a barriga da miséria, como se não comessem feijão, ou qualquer boa comida, há semanas.
Então, se não fosse o feijão, a farofa, o molho e o arroz dos Buscapé Farofeiros, como a Família Malfoy foi chamando todo o caminha em direção a lagoa, o churrasco de salsicha teria sido pior, bem pior, ou melhor, extremamente pior do que poderia ser. Agora eu pergunto, leitor: será que houve realmente um esquecimento ou uma sacanagem da família Malfoy?

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Suco de Caju

Acontece desde o dia que me perdi na mata da Barreira. Eu estava a procura de caju, pois me bateu uma vontade enorme bem aqui, no órgão dos desejos, de tomar um suco bem gelado. E como painho pegava todos os cajus dos cajueiros do quintal pra vender quase nunca eu tomava meu suco favorito, que ficava ainda melhor quando mainha fazia. Ela peneirava o suco, adoçava na medida certa. E eu, que nunca tive muita paciência, me desesperava pra fazer e beber logo.
Além de recolher os cajus do quintal, meu pai também andava pela mata da Barreira procurando mais frutas para enriquecer a barraca. Ele sabia todas as trilhas, as que eram visitadas por soldados e as que nunca eram lembradas no itinerário dos aviadores. Aprendi com ele a andar por aqueles matos, conhecia todas aquelas trilhas, guardava na memória todas as bifurcações e encruzilhadas, inclusive lembrava ao meu pai do caminho certo quando ele se confundia, por isso não sei como naquele dia eu me perdi.
Provavelmente meu pai e os outros barraqueiros já tinham passado por lá, pois já não havia nenhum cajuzinho. Fiquei encucado, meu pai não tinha me chamado, olha que ele preferia que eu perdesse aula do que deixasse de ajudá-lo a recolher caju, já que nessa época minha mãe tava de resguardo, e os outros meninos eram muito pequenos para começarem a trabalhar. Mesmo percorrendo todos os caminhos que conhecia não encontrava de jeito algum a matéria-prima para o mais delicioso dos líquidos existentes na face da minha memória, o suco de caju.
Andei, andei e andei até me cansar e me perder das trilhas e caminhos conhecidos, logo eu que achava conhecer todo aquele emaranhado de rastros, e o pior é que eu não encontrava nem se quer um caju de fazer remédio. À noite já ia chegando, eu estava tão cansado que resolvi procurar logo uma árvore para dormir. É... é melhor dormir numa árvore! Nunca se sabe o que pode aparecer no meio do mato à noite, uma raposa, um foragido de Alcaçuz... Sei lá! Só sei que naquele momento era melhor dormir numa árvore do que ter que continuar procurando, em vão, o caminho de casa.
Eu me preocupava com mainha, “ela deve estar preocupada comigo”, pensava eu em voz alta. Eu pouco me lixava para o meu pai que só daria pela minha falta no dia seguinte, quando iria me acordar bruscamente para ajudar a recolher caju e outras frutas para vender, e o pior é que eu não podia ficar com três ou quatro cajuzinhos azedos para fazer meu suco. Olha que eu ainda não tinha tomado suco de caju nessa safra.
Meu pai não se importava comigo, nem com minha mãe ou meus irmãos menores, ele gastava todo o dinheiro apurado na venda das frutas com cachaça e rapariga, inclusive ele insistia em me levar consigo para a farra, dizia que eu já era um “homi” e precisava frequentar lugares de tal. A minha mãe, pobre mulher, não o deixava me levar, dizia que cabaré não era lugar para um menino de menos de oito anos. E toda vez que minha mãe ia contra meu pai apanhava muito, bem mais do que nas vezes em que ele a espancava sem motivos, acusando-a injustamente de roubar o dinheiro da barraca, dando-lhe socos e chutes, isso quando não a batia com corda molhada com um nó na ponta.
Meu pai nunca soube, mas eu é quem roubava uns trocados ou outros da barraca dele para comprar farinha para os meus cinco irmãos menores comer, já que se não fosse assim nós iríamos morrer de fome, pois ele, na glória de sua sabedoria, não deixava minha tia trazer um pouco de macaxeira de sua pequena horta de fundo de quintal, meu pai dizia que era dele o dever de manter a família, decerto era, mas hipocritamente ele não cumpria, ele nunca cumpria o que dizia.
Passei aquela noite em claro, com frio, fome e medo. Num raro cochilo, de cima do galho do de um cajueiro sem fruto, sonhei que estava comento muito caju, doce de caju, torta de caju, caju à milanesa... Era tanto caju, mas tanto caju que nem mesmo todas as barracas da beira da Rota do Sol tinham juntas, e no melhor do sonho me veio mainha com uma jarra de suco de caju, naquele sonho eu bebi e comi tanto caju que até hoje, desde aquele dia em que me perdi, acontece de eu ficar com enjoo, e acabando por vomitar, toda vez que sinto o cheiro de suco de caju.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Pitombo e a mediunidade

Pitombo, que tinha esse apelido por ser loucamente apaixonado por pitomba e esperava o ano inteiro pra saborear a fruta que amava, sofria com ataques de loucura, como dizia a família, inclusive a mãe, e a vizinhança, que sabia mais da vida de Pitombo do que ele próprio... Aliás, vizinhos têm esse dom, o dom de saber mais dos atos, do coração e da cabeça dos outros, mais mesmo do que qualquer confessor, melhor do que qualquer melhor amigo.
Pitombo ouvia vozes, ou pelo menos era isso o que ele dizia. Quando não aguentava mais, o coitado se debatia no chão, gritava, esperneava segurando a cabeça com força com as duas mãos empurrando na altura dos ouvidos, como se isso impedisse que as vozes de sua loucura gritando desejos impraticáveis ressoassem como sinos de bronze.
Certo dia, um pastor passava pela porta e ouviu os gritos de Pitombo. Ele pediu pra entrar e fazer uma oração, disse que seu deus poderia ajudar aquela alma, que aquilo não era loucura, eram espíritos, ou melhor, obras de um encosto que precisaria ser expulso daquele corpo, para que o seu coração, então, virasse morada do tal deus. Como não tinha nada a perder, a mãe de Pitombo permitiu que o pastor fizesse uma oração. Ele a fez. Porém, como se fosse mentira, Pitombo levantou do chão e agarrou a gravata do pequeno pastor o levando ao enforcamento... A sua sorte foi que os irmãos do endemoninhado chegavam da pesca naquela hora e puderam socorrê-lo.
Com isso, felizmente ou não, descobriram que realmente o problema de Pitombo era de fato espíritos (quem lê até pensa que ele já tinha ido a dezenas de psiquiatras e tudo mais, mas não)... E decidiram levá-lo não só à igreja do pastor visitante, mas também a centros espíritas, a um padre exorcista, e até a uma loja maçônica que não se deu nem ao trabalho de abrir as portas.
Resumindo, já que não posso ou quero me alongar, Pitombo passou a frequentar a igreja do pastor visitante nas sextas, com intuito de descarregar os demônios de suas costas; no sábado, ele ia pro centro participar de uma mesa branca que prometia cuidar dos espíritos de luz que necessitavam de um médium, enquanto que aos domingos ele participaria da primeira missa do dia para que Nossa Senhora o ajudasse.
Com três meses, ele já apresentava melhoras. Não me pergunte por quê. Não se sabe em quais dos templos ele foi realmente ajudado. Os mais leigos dizem que foi Deus, Nossa Senhora ou uma guia espiritual que ajudou Pitombo a se livrar dos males. Eu, que sou apenas o contador dessa história e mais leigo que os leigos que comentam esse caso, digo que foi a fé, mas fé em que eu não sei.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Pelas ruas que passo




Será que cada pessoa que vemos na rua pensa sobre nós o mesmo que pensamos sobre ela? Será que você pensa o mesmo que eu?
Sim, porque eu caminho na rua me perguntando se todos têm um sonho, se todos estão só de passagem. Aquela senhora que quase esbarrou em mim dentro do shopping estava mesmo apressada ou fez aquilo só pra me atormentar? Será que ela sabe quem eu sou, quem quero ser, o que escrevo, que eu escrevo? E ela? Será que ela também alimenta, mal alimentado, um blog não visitado por mais de três ou quatro pessoas como eu?
Eu ando pela pelas ruas, pelas calçadas quando elas existem, tentando entender a mim mesmo quem sabe observando como os outros agem, como os outros me veem. Talvez ninguém seja tão cruel e mesquinho quanto parece, talvez aquela menina que me olhou com cara de vômito não saiba que eu não queria nada com ela, mesmo que eu fosse solteiro, mesmo que ela fosse atraente.
E o senhor, possível ex-atleta ou dono de academia, será que sabe que eu só estava comendo aquele pacote de biscoito recheado barato porque tive que comer miojo antes de sair de casa porque esquecemos de comprar arroz? Talvez ele pense: – “olhe só, mais um gordo no mundo que não se cuida, que não tem amor à vida, que esporte é vida que não engorda, mas faz crescer!” Será que ele sabe que tenho que almoçar às dez da manhã pra não gastar com quentinha e que só torno a comer às onze e meia da noite pelo mesmo motivo, e por isso durma com a barriga cheia de carboidratos?
Não que a rua seja um lugar de pura hipocrisia, mas eu sei que não ando, eu passo. Passo, passo a passo, em passos lentos. Não tenho pressa, precisaria ter? Preciso acordar todos os dias às seis pra correr por uma hora, mesmo dormindo duas horas e meia depois do jantar? Se eu quisesse continuar a andar pelas ruas cheia de gente e vazia de pessoas talvez não teria que estudar tanto, que acordar mais cedo do que precisaria não pra correr, mas pra fortalecer, mesmo que não tenha visto resultados ainda, o pouco inglês que tenho?
O mundo é assim, as ruas são assim: todo mundo passando, indo e vindo, esbarrando nos outros, te olhando com olhar de nojo por você usar os cabelos e a barba grandes como o homem na foto sob o terço da camisa das pessoas.


sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Pedrinho e a amiga Felina

As cortinas que tapavam as janelas cobriam a luz do sol impedindo-a de entrar no meu úmido quarto. Eu morava na casa da minha avó, morava não... sei lá? Eu passava as férias na casa da minha avó, que tinha ficado viúva há três meses apenas. Minha mãe disse pra eu fazer companhia a ela, pois vovó se sentia muito sozinha.
Todo os dias, eu tinha que acordar às seis e meia, era muito difícil, pois além de eu não estar acostumado, as cortinas que tapavam as janelas cobriam a luz do sol. Parece tolice, você está se perguntando: – “por que esse moleque narrador não abria a cortinha que tapava a janela que cobria a luz do sol?” É muito simples. EU NÃO DORMIA SOZINHO! Eu tinha que dividir o quarto, e, por pouco, a cama, com minha avó. Não teria problema já que avó é nossa segunda mãe, mas a minha tinha problemas com gases... É... ela peidava muito a noite toda. Tadinha da véia!
Era até legal ficar na fazenda de vovó, fazenda não, tô sendo muito generoso, sítio... chácara... É alguma coisa entre sítio e chácara, ou chácara e sítio... entende? Eu brincava com as galinhas, marrecos... eu só não gostava muito de brincar com os gansos, eles eram bem agressivos, mais brabos que os cachorrões que minha avó criava dizendo ser pra proteger seus outros animais do chupa-cabras. Eu nem sabia o era chupa-cabras, não era do meu tempo, só depois procurei na internet, achei tolice da minha avó... onde já se viu? A véia com medo de chupa-cabras!?
Lembro que brincava sozinho, não tinha ninguém lá da minha idade, a ao ser por Felina, a filha do caseiro que era paraplégica. Ela vivia na cadeira de rodas, não dava pra passear pela grama, pois o veículo engasgava sempre numas poças. Na verdade, eu só fui saber da existência de Felina pouco menos de uma semana pras minhas férias acabarem. O pouco que conversei com Felina me fez crescer de alguma maneira. Poxa! Eu fiquei um mês quase inteiro na casa de vovó e não brinquei com Felina, mas não foi minha escolha, não foi. Só a descobri cerca de três dias antes de eu ir embora. Mas, no pouco que conversamos, nos tornamos amigos.
Minha avó mandou o computador pra casa do caseiro, ela não sabia mesmo mexer “na invenção dos homens loucos que não tinham mais o que inventar”. Felina e eu conversávamos a tarde quase que inteira, mas não era muito papo como parece. Ela não estava acostumada a digitar, mas eu tinha paciência.
Começava a estudar cidadania na escola, a professora Aline disse pra gente fazer a caridade de conversar com um aleijado às vezes, eles não eram pessoas normais, por isso a gente tinha o dever de agradá-los, assim, quem sabe, Deus também se agradaria de nós. Eu não gostava da aula de cidadania, a professora fazia os deficientes físicos parecerem gente de outro mundo, talvez do mesmo lugar de onde vem chupa-cabras.
Eu não tinha intenção de agradar nenhum deus quando falava com Felina, apenas de me agradar... se eu não me sentisse bem nas nossas conversas, eu jamais conversaria com ela. Ah! Eu não teria pena de dizer que ela é sem assunto só porque não pode andar...

Anos depois


Felina completava dezessete anos de idade, eu já tinha feito quinze no mês anterior. Comprei um novo computador para Felina, sua família não tinha condições, o computador que minha avó tinha dado a minha amiga ainda era com o Windows 98. Comprei um notebook pra Felina, ela adorou, começou a chorar me deixando também emocionado e constrangido.
Eu não via muito Felina pessoalmente, a gente só se falava pelo computador, agora, como o novo notebook que dei pra ela – novinho em folha, comprei com meu próprio dinheiro, era superior ao meu, minha mãe inclusive mandou eu dar o meu “velho” e ficar com o novo, mas ao olhar minha cara de carranca ela logo desistiu da idéia, onde já se viu – a gente poderia então se ver pela webcam.
O engraçado foi Paola, minha namorada, ao entrar em meu quarto de mansinho me viu conversando com Felina, deu o maior piti, começou a querer saber quem era a menina que eu conversava e coisa e tal... expliquei que ela era só uma amiga, não disse que ela era paraplégica, não tinha pra quê. O resultado foi que Paola, ainda semi-nua, me pediu para escolher entre continuar a namorar com ela ou manter conversinhas com amiguinhas estranhas no computador. É claro que escolhi Felina. Paola focou irada, pense numa menina puta da vida!