Pavão artificial
Começou com um bóton. Assim, ficava menos ruim ter que andar com a coleira de identificação na empresa. O primeiro pin foi um prêmio aos membros do melhor time do semestre. Arrasaram nas vendas. O líder teve a ideia e a premiação estava lá no pescoço dos seus liderados. Depois, uma colega colocou um broche de sua banda favorita. Como assim, ela tem dois enfeites e eu só tenho um, pensava. Foi lá e comprou um mimo para si e seu crachá. Um meme, redondo com alfinete, sobre a sua profissão. Os colegas repararam, começou a receber elogios e empolgou-se. Suas redes sociais, timidamente, começaram a ser preenchidas de fotos, vídeos curtos e, principalmente, bumerangues que mostravam seus bótons, agora, cinco. Quanto mais engajamento gerava, mais pins colocava. Quase diariamente, acrescentava algo no cordãozinho. Viciou-se, não se sabe se nas curtidas ou nos enfeites, e logo teve de enfrentar um problema: não havia mais espaço na ...