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Mostrando postagens de maio, 2020

Pastor 04 - mostarda contra o Corona Vírus

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Depois da live do culto, um irmão veio procurar o pastor no grupo do WhatsApp da igreja. Irmão: – Pastor, estou com uma dúvida. Pastor: – Pode perguntar irmão. O senhor me deu o dom da palavra. Estou aqui para responder suas inquietudes e as inquietudes de todos os irmão, amém? Irmã Vera: – Amém pastor. Irmão Sebastião: – Ame pasto Irmã Odete: – Ameim pasto Irmão Geraldo: – Amei pastor. Irmão: – Amém, pastor. A minha dúvida é a seguinte: a gente deposita os cem reais e recebe um caroço de mostarda que nos protege do vírus, não é isso? Pastor: – Amado a Bíblia fala que se a sua fé for do tamanho de um grão de mostarda, é suficiente para Deus. Amém? Irmã Vera: – Amém pastor Irmão Sebastião: – Ame pasto Irmã Odete: – Ameim pastou Irmão Geraldo: – Amei pastor. Irmão João: – Amém pasto Irmão: – Amém. Mas acho que é melhor seguir o recomendado pelos órgãos da saúde. Ficar em casa, se higienizar, sair só para o essencial e usar máscar...

Uma noite Brilhante

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Estávamos em casa. Não tinha nada lá que pudesse nos identificar como subversivos. Pelo bem da minha família, tinha feito a barba já há algum tempo, queimado todas as camisas vermelhas e enterrado os livros proibidos. Mas nos entregaram. Não sei quem... nem o culpo. Decerto, a dor que sentiu antes do arrependimento, infelizmente, foi tão grande quanto a minha. Eu era fiscal de produção de uma fábrica de roupas; Tereza, minha mulher, professora de francês. Nos conhecemos numa sorveteria. Achei que seria um sonho poder namorar com uma moça estudada. Logo eu, de família pobre, um peão sem eira nem beira, estava apaixonado por uma mulher linda, inteligente, de classe média. Namoramos por um tempo. Casamos e tivemos uma filha. Vivíamos uma vida tranquila. Durante as aulas, Tereza aproveitava para ir além do ensino do outro idioma, fazia com que os alunos, durante as conversações, tentassem pensar um pouco fora da caixinha... todos eram de família rica... Quem é que podia ...

O Rei da Cocada Branca

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Em toda sala de aula, seja de escola pública ou particular, sempre tem um rei sentado numa carteira. O rei das escolas estaduais é o rei da cocada preta. Este é tranquilo, um pouco marrento, mas tranquilo. O rei problemático é o rei das escolas particulares... e eu bem sei... trabalhei (e trabalho no momento desta escrita) nas maiores escolas de Natal. São os reis da cocada branca: héteros, brancos, cristãos, ricos e, geralmente, homens. Um combo de toxidade.     Os reis das escolas particulares, na verdade, não são lá essas coisas... os seus pais é que são. É sobre o Ethos dos seus progenitores que os reis da cocada branca se arvoram sobre os demais... Se são burros, usam os outros para conseguir notas; se são inteligentes, usam a si mesmos para diminuir o outro. Tentam, inclusive, diminuir o professor. Esses meninos e meninas crescem influenciados por valores completamente antagônicos aos valores que temos. Eles creem que o dinheiro é tudo, e, por tê-lo, tent...

O dia que mataram Bolsonaro

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Quarta-feira. Mês de junho. O Nordeste comemorando seus santos, o Sudeste vindo pro Nordeste curtir as praias. Meio do Ano. Todo mundo merece descanso, todo mundo precisa descansar. Eu dava aulas e dançava quadrilhas. Comia milhos e cheirava cangotes no Beco. Tudo seguia e a gente seguia também, sem muita escolha, sem ter muito o que fazer além de reclamar em páginas de redes sociais para os nossos próprios amigos semidesconhecidos e poucos desconhecidos que a gente mal sabia quem eram. – Mataram Bolsonaro! – gritou um aluno quase no fundo da sala e todo mundo começou a falar. Pensei em brigar com o guri que estava mexendo no celular na minha aula e inventando história, mas por que alguém iria inventar que mataram o presidente? – Como é? – inquiri. – Professor, acabaram de mandar aqui. Mataram o Bolsonaro! Saquei meu celular. Todos os grupos em polvorosa. Um monte de gente comemorando, poucos lamentando, mas, sim, tinham matado o presidente. Não consegui mais dar ...

Gari

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Era gari. Quando entrou, não havia concurso. Agradeceu, passou a ter uma renda fixa, era funcionário público estatutário. Todo domingo, ia pra missa. Gostava de rezar. Carregava o terço de Fátima no pescoço. Não falava muito. Não pensava muito. Apenas trabalhava, recolhia lixo e rezava. Casou moço. Sua esposa não sabia ler e escrever. Era assim de pai e mãe. Ele sabia escrever e ler. Pouco, mas sabia. Durante o trabalho, não precisava disso. Precisava só usar luva, boné e as pernas. Trabalhava no caminhão. Andava pendurado por cinquenta metros e corria mais cinquenta a cada esquina. Era tanta sujeira que banho não bastava para tirar o óleo da sua pele. Ele e a mulher já estavam acostumados. Passaram anos. Ele se aposentou. Não aconteceu nada que mudasse sua vida. texto de 2015 imagem do Google