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quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Do pó à luz

 




Eles conseguiram dar o golpe. Houve resistência, guerra civil. Lula morreu, Chuchu derreteu. Acabou. Havia 215 milhões aqui, não sobrou mais nada. Uma terra arrasada. O continente dizimado. Sobrou pouca coisa. Era melhor continuar num estado de exceção ou ter morrido todo mundo? Vai saber... Agora tudo é pó. Não existe mais nada, não há mais nada.

Anos passaram. O sol começou a aparecer. Alguns humanos começaram a retornar à superfície. Todo mundo apavorado. Todo mundo sem criticidade. Sobreviveu só a massa. Os intelectuais, líderes, políticos... todos morreram. Pareceria que o país fora fadado à extinção, não fossem os homens magros saídos das cavernas.

Aos poucos, todos se agruparam. Não tinha sobrado mesmo muito lugar pra viver. O que outrora o Sudeste, era apenas o centro... o que restou. Uma ilha sem vizinhos, sem floresta, sem qualquer coisa que lembre um país ou mesmo uma comunidade. Era apenas uma terra destruía, cercada de mato e nenhum fruto. Tudo um deserto de ervas daninhas e sobras de concreto e construções.

Não havia gente, quase. Uns morreram na guerra, outros pelo colapso da energia e do ar. Sobreviveram por quase duas décadas no submundo, nos esgotos, nos rincões. Alguns comeram carne humana, outros se restringiram a ratos e tatus. Sobreviveram, afinal, não se sabe por misericórdia ou maldade divina. Mas estavam de volta e conseguiram respirar.

Não demorou muito, veio o salvador. O mais velho, o único líder sobrevivente. A única pessoa que poderia tocar o Brasil em frente. Era ele, tinha que ser ele, era a vez dele. O que ele não pôde fazer antes, faria. Governaria o país pela escolha unânime dos sobreviventes. O golpe que motivou a guerra enfim mostrava a que vinha. Era a elite de volta ao poder. Era Minas de volta ao poder. Aécio Neves, presidente aos oitenta e dois anos.

 

Rodrigo Slama 24/11/22

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* Imagem do Google

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