– Um, dois, três,
quadro...
– Quatro, três,
dois, um!
– O Capitão já
anda brocha...
– E o Tenente aliviado!
– Um, dois, três,
quadro...
– Quatro, três,
dois, um!
– O General só
quer picanha.
– O Major quer Leite Moça.
– Um, dois, três,
quadro...
– Quatro, três,
dois, um!
– O que tá
acontecendo ali, Tenente? Que cantoria subversiva é essa?
– Capitão, os Soldados
estão nervosos, senhor!
– Cadê a sua autoridade,
Tenente?
– Já ameacei, senhor.
Mas eles não me obedecem.
Tenente e Capitão
foram até a tropa, que seguia rindo depois da corrida e se negava a arrancar os
tocos do quartel.
– Atenção, pelotão. Sentido!
– Os soldados, os cabos e o
Sargento olharam para o Tenente e começaram a rir.
– O que está acontecendo com
vocês? Desde quando se negam a respeitar seu Tenente? – bradou o Capitão muito
revoltado, mas sem saber como reagir àquela inédita rebelião.
– Ô Capitão, ninguém aqui tá mais
a fim de obedecer não. A gente tá de saco cheio já.
– Viu, Capitão?!
– Todo mundo tá preso! Já para a
cadeia!
– Ô Capitão, a gente não tá a fim,
não.
– É, ninguém tá a fim de ser preso,
não.
– É... vem prender a gente, Capitão.
– Vem nada... ele não tá prendendo
nem o Tenente – disse o Sargento, que tirou risada de todo mundo e deixou o Capitão
vermelho de raiva e o Tenente vermelho de vergonha.
Sem saber como reagir
para que os praças obedecessem, o Capitão mandou fazer logo um churrasco com
cerveja boa para todo mundo, não só mais para os oficiais. Tinha acabado de
chegar um camião de produtos para o batalhão, presente de todo mês do
presidente militar. O Tenente tomou seus comprimidos azuis, levou mais outros para
o Capitão e foram para a caserna enquanto todo mundo se divertia comendo,
bebendo e jogando futebol.
Mais histórias ácidas e inéditas AQUI
Rodrigo Slama 13/04/22