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O rolezeiro

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Google imagens – Bora, cara! A gente vai se atrasar. – Calma. Tô terminando aqui. – Que merda, velho. Parece uma mulher se arrumando... puta-que-pariu! – Parceiro, eu tô terminando aqui. Na festa, todas mulheres olham pra ele. Estava de bermuda branca, camiseta de marca comprada no camelô do Alecrim, elásticos coloridos num aparelho que não precisava usar, óculos espelhados - apesar de ser noite - e um corte de cabelo bem peculiar. – Tá vendo, parceiro? Todas as mulheres estão me olhando... – Percebi. – Quer fazer uma aposta? – Que aposta? – Quem pegar mais mulher aqui na festa come o cu do outro? – Como é? Olha as ideias! – Bora? Sabe que vai perder, né? – É impossível você pegar mais mulher que eu aqui. – Então bora apostar o cus! – Tá apostado, então. Duas horas depois, a Festa dos anos 80’ terminou. O rolezeiro não pegou uma mulher sequer. O amigo, que não estava interessado em perder a aposta, mas, ao mesmo tempo, não tinha pretensões de ficar com mui...

Beatriz e Tiago

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Aos quatorze anos, ele não era um adolescente normal como todo adolescente deve ser. De manhã, ia para a escola. Não sentava nem na frente e nem no fundo, não ficava quieto, mas não era do grupo da conversa. À tarde, ele ia pro inglês e aprendia novamente o que via nos jogos. Além do inglês, fazia judô. Nunca passou da segunda faixa, mas não achava tão ruim usar o quimono. À noite, revezava seu tempo entre jogos on-line e o pornhub, mas estudava quando estava perto das provas, sobretudo para as provas de recuperação. Nunca namorou, mas era seu sonho. Todas as noites, antes de dormir, pensava na menina mais bonita da sala, que era disputada pelos caras mais populares das festas que ele ia e nas festas às quais ele não era convidado. Nos seus devaneios, eles eram um casal. Namoravam há tempos, comemoravam datas importantes, trocavam presentes... Na vida real, eles mal se falavam. Pertenciam a grupos tão distintos que não tinha nem como conversar. Beatriz era inteligente, li...

Rastro de feijão descomido

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Fazia três dias que eu não cagava. Eu nunca tinha ficado entupido antes. Na verdade, o meu problema sempre foi o contrário... eu, geralmente, cago demais. O problema é que minha mãe fez uma farofa muito boa no natal e sobrou quase tudo. Como adoro farofa e ninguém aguentava mais comer resto da ceia, me esbaldei naquele balde de farofa temperada. Comi tanto que a merda ficou presa no meu intestino e não saiu nem com reza braba. Meio envergonhado, pedi ajuda à minha mãe. Me deu laxante. Um quarto do recomendado. Pense num laxante porreta! Estava no curso. Tinha tomando o remédio na hora do almoço, antes de sair. Durante as primeiras aulas, não senti uma pontada sequer no bucho. Achei que não iria fazer efeito e teria de tomar de novo. No intervalo, aproveitei a caminhada até a cantina para peidar um pouco... já estava começando a me sentir aliviado, mas vontade de cagar que é bom nada. Bom... que eu cagaria só em casa, no conforto do meu sanitário. Fim da aula. Fui sem m...

Pastor 03

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– Pastor! – Você novamente, irmão? O que foi desta vez? – É que eu estive pesando... – É justamente este o seu problema, meu amado! Você pensa demais... deixa as postas de sua mente aberta para o inimigo lhe colocar dúvidas sobre a sua fé! Amém? – Amém. Mas, pastor, eu oro, faço jejum, contribuo com os dízimos e ofertas, compro todos os livros da igreja... invisto muito dinheiro na Obra do Senhor e não me sinto pleno! – Meu irmão, esta sua inquietude só quer dizer uma coisa! – O quê? – Você precisa participar mais da Obra do Senhor! Amém? – Amém. Mas como, pastor? – Você precisa, além de dinheiro, dar o seu tempo para Deus. Por exemplo, o seu dia tem vinte e quatro horas, certo? – Certo. – Você dá duas horas e quarenta minutos para Deus? – Não, pastor... certamente, não! – Então! Você precisar ser obreiro em nossa igreja! Tenho certeza que o seu coração se encherá de Jesus e você não pensará mais em nada que lhe tire o foco em Cristo. Amém? – Amém. ...

Meninas, mulheres

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A primeira vez, me senti suja. Ele levantou o meu vestido e tocou em mim. Resisti, ameacei gritar. Foi embora. Não sabia se agradecia a Deus pelo livramento ou o culpava por ter permitido aquilo. Chorei, tomei banho. Enquanto lavava os meus seios ainda muito pequenos que tinham despertado o desejo imundo dele, pensava se aquilo aconteceria de novo. Da segunda vez, ele veio preparado. Tapou minha boca antes que eu pudesse gritar chamando por alguém que estivesse distante. Tudo era longe. Com a mão livre, ele apertava forte os meus peitos, e enquanto eu sentia seu pau endurecer, ele me alisava entre as pernas. Me lambia o pescoço e cheirava a mão. Um barulho vindo de fora interrompeu sua festa. Eu pensava o que tinha feito contra Deus para que ele permitisse isso. Antes que eu pudesse pensar em contar para alguém, ele veio até meu quarto à noite. Me ameaçou. Mataria a minha mãe, o meu irmão e depois me mataria. Apertou meu pescoço até me sufocar para provar o quanto sua pala...

Pastor 02

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– Pastor. – Sim, meu filho. – Eu estou com um dúvida. – Novamente, irmão?! Vejo que o inimigo está implantando a inquietude no seu coração. Se o seu coração não tem Deus, o Diabo toma conta, Amém? – Amém. Pastor, é justamente sobre o coração que eu gostaria de falar. – Pode falar, irmão! Deus me deu o dom da palavra, encontrarei a palavra certa para lhe confortar, Além? – Amém. Pastor, é que eu estou com dúvidas sobre a minha orientação sexual. – Como assim, irmão? – Faz um tempo que eu tenho desejos por homens. Vivo trocando de namorada e não consigo gostar de nenhuma. – Isso é coisa do Satanás! Isso é coisa daquele que quer lhe arrastar da igreja para te jogar numa sauna cheia de veados. O Satanás quer que você gaste todo seu dinheiro com perfumes, roupas de marca... ele está implantando esses desejos no seu coração para você ter cada vez menos dinheiro para o dízimo, para as ofertas e para os propósitos. Deus não gosta de gays, Amém? – Amém. Mas, pastor,...

O comedor da escola

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Bombado. Notas baixas. Uma ou duas reprovações. Alto índice de ocorrências por indisciplina. O comedor da escola é um sujeito bonito por fora e cheirando a ovo cozido e batata doce por dentro. As meninas o adoram... e ele, geralmente, se aproxima das estudiosas e nem sempre é pra conseguir cola. Se fosse apenas cola... O comedor da escola já foi pego colando, já foi pego fumando, já foi pego estuprando. “Cu de bêbada não tem dono” é o lema do seu grupinho de amigos, que transcende a Constituição, mas não fere o regimento. Eles têm tempo pra beber, trepar, viajar, mas não estudam...  são os meninos que dormem durante as aulas, porque acordaram muito cedo pra treinar, como eles chamam a ida à musculação.   Todos bebem com o comedor da escola. Todos resenham com ele. Ele vai embora bêbado das festas com o carro cheio de gente. O próprio carro que dirige aos dezessete anos sem habilitação, sem cinto, sem medo. Chega em Pirangi com a turma, continua bebendo com o som alt...